domingo, 31 de outubro de 2010

A COLUNA DE JORGE M. PINTO - CASOS AO ACASO - Parte V - DIVERSOS

A COLUNA DE JORGE M. PINTO - CASOS AO ACASO - Parte V - DIVERSOS
Português de Portugal & Português(?) do Brasil ? Ou, mais efectivamente, Português & Brasileiro !

Aí,... Aqui,... Lá ....Acolá,... E Aí ?
- No seu linguajar característico, o bahiano além de empregar com exagerada freqüência o «aí»”, que sai em qualquer altura em qualquer frase com inusitada constância, tem um vocabulário muito próprio, que a estranhos só a convivência vai ensinando.... As mais das vezes, é necessário mesmo meter tradutor.

Por exemplo: para pedir alguma coisa, a qualquer balcão, de qualquer tipo de loja, ao amigo, conhecido etc, fazem-no da seguinte forma:
- Tem pregos aí? - Me dá um cigarro aí ? - Vende esse carro aí ?
Evidente que merecerá ouvir como respostas:
- Tenho, sim, mas os meus pregos, além de estarem alí, são de ferro, zinco, alumínio....
- Os meus cigarros são .....,....... ou........Vais aceitar, mesmo assim?
- O carro, não vendo (ou vendo) aí, aqui em qualquer ou lugar nenhum....

Das tais que «exigem tradutor» já fui confrontado com pelo menos duas situações perfeitamente lapidares :
UMA – Qué arco... tárc’.ou qué qui mói ?
- Cuma ?
OUTRA – Num bule nem trisca porque se não póca o v’rido sujo de calvão !
(A grafia emprestada pretende estar o mais proximo possível ao som emitido. Nada tem a ver com coisa nenhuma senão com isso mesmo.)
TRADUÇÃO
DE UMA – Quer álcool... talco... ou quer que molhe ? (Pergunta o barbeiro após escanhoar o cliente. Sem entender perfeitamente, este pergunta: - - Como ?).
DA OUTRA – Não mexe nem toca porque senão quebra o vidro sujo de carvão !
OBS: O póca empregue no 2º caso, tem o significado de partir, quebrar, e constituiu-se no neo-verbo regular PÓCAR da 1ª conjugação. Com as flexões normais deste tipo de palavras, diz-se póca, pócar, pócou, vai pócar por substituição de pócará ( Iiiiiiiii, onde cheguei!. Melhor é parar por aqui, antes que saia asneira !)
Julgo, entretanto, saber qual seja a proveniência do neologismo.
Pelo que entendo, a palavra terá nascido do vulgar ESPOCAR (o mesmo que pipocar, estourar, explodir) que se emprega mais frequentemente ao se falar de foguetes -(fogos de artifício!).
Por comodidade e sintetização, partindo de ESPOCAR ou de PIPOCAR , e por simples abreviação se tez o PÓCAR. Será ?
Já o paulista usa o «lá» com a mesma doentia insistência com que o bahiano emprega o «aí».
Há dias, os torcedores não sei já de qual claque de futebol, por fúteis razões, teriam sido espancados por guarda(s) metropolitano(s) – ou do metropolitano -. Vi e ouvi um garoto de 16 alentados anos, mostrar às câmaras de TV alguns dos hematomas que «ganhara» nas costas braços e pernas, assim relatar o ocorrido:
«Eu estava lá, quando aparece lá o segurança lá, que sem razão lá, me começa a bater lá...enquanto eu me defendia lá... »
Se não foram exactamente estas as suas palavras, pouco lhes faltará ou pouquíssimo terão de mais...

Leia este tema completo a partir de 01/11/2010

1 comentário:

  1. Caro Jorge,
    Gostaria de saber sua opinião sobre duas coisas (ou cousas, se assim preferir):
    -O quê você pensa de meus textos em caipirês ou gauchês?
    -Não seria uma dádiva o surgimento de novas expresões na língua portuguesa, fazendo-a dinâmica?
    De minha parte aceito que os lusos digam tudo do jeito que quiserem.

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