domingo, 3 de outubro de 2010

Sociedades e micro problemas - Por Daniel Teixeira

Sociedades e micro problemas - Por Daniel Teixeira

Ao longo da minha formação pessoal fui confrontado com a necessidade de conhecer as formas de formação das sociedades para entender melhor esta em que vivemos.
A antropologia cultural (aquela que não aldraba) é um dos domínios onde me movimento relativamente bem na medida em que tenho feito bastantes leituras sobre o tema e embora se dê presentemente pouca relevância a estes conhecimentos é por exemplo interessante saber-se que uma parte das concepções de hoje vêm de trabalhos realizados séculos atrás e que uma parte substancial da nossa organização social e económica, cuja origem se atribui ao ontem ou ante ontem tem na verdade muitos séculos de treino histórico.

Aliás um dos problemas grandes das sociedades actuais é por vezes não terem presente as suas origens de forma a saberem aquilo que podem implantar com maior certeza de vingar e poderem também acautelar substancialmente mais aquilo que é relativamente recente em termos de formulação para que essa força enorme que é a cultura social dos povos não venha a confrontar-se com contradições cujo alcance e objectivo não entende.

Na minha vida profissional, como jornalista, embora trabalhe pró bono, ou seja, é uma profissão por vocação mais do que uma profissão no sentido de se executar trabalho remunerado, tenho encontrado em muitos campos, de forma por mim percebida desde logo e outras vezes de forma quase automática, aplicação para muitos conceitos, filosofias, ideologias, teorias e aspectos científicos conhecidos desde longa data e conhecidos de longa ou fresca data por mim que estou convencido que me levam a melhor gerir os interesses e conceitos aparentemente contraditórios com os quais me defronto.

Trabalhando com um jornal online que pretende inserir-se no âmbito da diversidade cultural que é própria da CPLP (Países de Língua Oficial Portuguesa) não é difícil entender-se que para conjugar num campo uniforme uma diversidade geograficamente, economicamente e socialmente tão distribuída é preciso um pouco mais do que a simples boa vontade.

Temos, nós, portugueses europeus e / ou assemelhados, o triste hábito, por vezes, de nos alcandorar como fonte única e genuína da cultura portuguesa e admitirmos com alguma dificuldade a variância da sua complexidade universalista. Temos sempre mais facilidade em aceitar aquilo que «deixámos» por esse mundo fora do que temos facilidade em aceitar aquilo que «recebemos» e os exemplos são tantos que seria preciso um suplemento bem paginado para as descrever com alguma extensão aceitável.

Como exemplo, não partilho do princípio que as coisas se impõem por decreto, naquele sentido em que se contraria através de decreto (forma formal) aquilo que são os movimentos das sociedades. Partilho sim, de uma ideia com conotações um pouco esquisitas e geralmente muito pouco seguida que é o esclarecimento, o convencimento, a função pedagógica.

Se eventualmente se consegue que um decreto (visto neste sentido da sua inadaptabilidade) resulte, em grande parte ele terá pouca duração, ou haverá uma forma de contorno do mesmo que levará à sua inutilidade pelo menos parcial. Não sou contudo avesso a junções que sejam resumos unificadores escritos (em forma de decreto que seja) daquilo que já existe ou que através de uma análise se aponta como direccionado para um dado caminho.

Leia este tema completo a partir de 04/10/2010

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