sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Introdução ao texto sobre Florbela Espanca - Por Daniel Teixeira

Introdução ao texto sobre Florbela Espanca - Por Daniel Teixeira

Pequena nota: há dias fui perguntado por um leitor e colaborador nosso quase textualmente «o que tinha eu a ver com Florbela Espanca» uma vez que regularmente escrevia aqui textos sobre ela. Para eliminar essa curiosidade confessada e alguma que esteja ainda inconfessadamente expressa devo esclarecer que escrevi há cerca de 3 anos um conjunto de textos correspondendo a cerca de 400/500/600 páginas físicas (livro) não só sobre Florbela Espanca como sobre o saudosismo, o sebastianismo e o messianismo português.

Um tema que sempre me interessou e que me transportou por autores desde o Sec. V A.C. até à actualidade (de três anos). Desses textos, sempre incompletos, tenho vindo a fazer repescagens e correcções, optando por colocar aqui aqueles que mais relacionados estão com o campo da literatura (por isso tanta Florbela e tanto saudosismo literário) não vendo eu qual o interesse que possa despertar entre os leitores deste jornal uma dissertação sobre os costumes em Dobu ou entre os Iroqueses ou sobre as correntes económicas que têm influído na nossa vivência e que também fazem parte do pacote escrito há 3 anos.

Assim, resolvi trazer aqui hoje a primeira introdução à parte recuperada do conjunto sobre saudosismo, sebastianismo, messianismo que refere mais especificamente Florbela Espanca, com a intenção quase confessada aqui de retomar o fio à meada mesmo que isso implique a repetição da publicação neste jornal de algumas partes.

Introdução

Antes de mais seria bom esclarecer que o autor deste ensaio resolveu iniciar este ensaio sem grandes pretensões, fazendo uma pequena resenha. Depois, através das diversas consultas que foi fazendo (quer em escritos escritos quer em escritos na Net) chegou à conclusão que que o tema era de tal forma envolvente que dificilmente se poderia ficar pelo curto ensaio...depois, achou estranho que a maior parte dos textos que tinha lido e leu fizessem incidir a qualidade e a forma da poesia Florbeliana num plano que a tornava subsidiária da sua vivência pessoal (isto numa tradição que vem desde Camões):

ou seja, segundo estas concepções a poesia resulta da vida do poeta, o que é extremamente mutilador das qualidades pessoais de qualquer poeta que seja visto nesta perspectiva. O poeta pobre, ou com uma vivência pobre, fará, assim poesia pobre. Veremos, quando chegar a altura a preocupação de Fernando Pessoa quanto a estes aspectos.

Leia este tema completo a partir de 01/11/2010

2 comentários:

  1. Estive a ler este seu artigo muito interessada porque eu fui uma das pessoas que o questionou sobre tão empenhada dedicação ao trabalho literário de Florbela Espanca. Fiquei mais ou menos esclarecida na medida em que, para mim, esta escritora é boa, sem dúvida, mas não me fascina e tão pouco a vida dela. No entanto o Daniel assim como qualquer outra pessoa têm todo o direito de esmiuçar tão ditosa escritora, visto tanta gente se preocupar até exaustão com ela e a sua obra. Não acontecerá isso realmente por ser uma mulher? Será que se fosse um homem a escrever mais ou menos nestes moldes haveria tanta gente assim interessada? Na minha modesta opinião considero que ela realmente deu uma nova dimensão à poesia feminina ao expor-se da forma como o fez principalmente naquela época. Como o Daniel sabe ainda hoje há tabus difíceis de uma mulher ultrapassar por muito que se diga que não. Mas vou ficar por aqui, afinal o artigo é seu e por sinal de muito agradável leitura.
    Gostei mesmo muito, obrigada por nos proporcionar estes belos momentos.

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  2. Quando os designados a escrever cumprem seu papel, restam a nós, simples mortais ler, reler, interpretar e viajar num infinito de opções e justificativas que nos bastem enquanto explicação;enquanto houver a curiosidade do leitor haverá vida para a obra, quanto mais possibilidades forem levantadas, mais olhos se levantam em outras gerações também na intenção de compreender o incompreensivel, é válido Daniel expor o seu pensar a respeito de Florbela Espanca...quem sabe me anima a bisbilhotar a história e encontrar detalhes, criar situações e levar seu nome ainda mais além...
    "Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"

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