José Varzeano - A Implantação da República
A mudança de um regime político provoca sempre choques de vária ordem e que se repetem, com o ajustamento adequado aos tempos.
Para citar só os últimos, foi assim com a implantação do Liberalismo, com a República, com o Estado Novo e com o 25 de Abril.
Na vila de Alcoutim e seu concelho, também tais mudanças se fizeram sentir, proporcionalmente à importância que representava em relação ao país.
Cabe-nos agora referir, a traços largos, o que conseguimos obter sobre a Implantação da República.
Acontecimento relativamente recente deixou alguns factos, talvez os que mais impressionaram, na memória deste povo.
Dizia-nos um alcoutenejo que sempre viveu na sua terra que tinha sido o martim -longuense, José Olino o primeiro que na praça da vila deu vivas à República.
As ideias republicanas chegaram a Alcoutim via Guadiana e a caminho da Mina de São Domingos, em plena exploração, importante centro populacional e onde naturalmente tinha grande aceitação. Foi assim que por Alcoutim teriam passado, a caminho daquela mina, alguns dos maiores paladinos republicanos, dos quais se destaca o Dr. Afonso Costa.
A mais vincada presença deste facto é a alcunha Afonso Costa que ficou de tal maneira que tantos anos passados se mantém, pensando muita gente que efectivamente se trata de um nome. Tão euforicamente, em criança, vitoriou este político que o nome lhe ficou para sempre, o que aliás, nunca o incomodou.
Vamos ter bacalhau a pataco, foi frase feita que também chegou à pequena vila raiana. Abaixo os talassas constituiu frase proferida pelos republicanos e os mais exaltados e menos conscientes espetavam facas nas portas dos mais notórios monárquicos, com relevo para a classe eclesiástica.
Depois destas referências transmitidas oralmente, iremos entrar, em factos concretos.
A primeira notícia escrita que obtivemos sobre o ideal republicano, é datada de 26 de Abril de 1881, por conseguinte cerca de trinta anos antes de 5 de Outubro de 1910.
O Administrador do Concelho, de então, fica alarmado com as notícias que lhe chegam e resume assim: constou-me que o prof. desta vila, António Simão Vieira, pronunciou ontem, no meio da feira (São Marcos do Pereiro), palavras insultuosas e ameaças a António Estevens, do Serro da Vinha, a pretexto deste pertencer ao Partido Regenerador e, dando vivas à República declarou ser chefe deste partido no concelho. (1)
Leia este tema completo a partir de 18/10/2010
A mudança de um regime político provoca sempre choques de vária ordem e que se repetem, com o ajustamento adequado aos tempos.
Para citar só os últimos, foi assim com a implantação do Liberalismo, com a República, com o Estado Novo e com o 25 de Abril.
Na vila de Alcoutim e seu concelho, também tais mudanças se fizeram sentir, proporcionalmente à importância que representava em relação ao país.
Cabe-nos agora referir, a traços largos, o que conseguimos obter sobre a Implantação da República.
Acontecimento relativamente recente deixou alguns factos, talvez os que mais impressionaram, na memória deste povo.
Dizia-nos um alcoutenejo que sempre viveu na sua terra que tinha sido o martim -longuense, José Olino o primeiro que na praça da vila deu vivas à República.
As ideias republicanas chegaram a Alcoutim via Guadiana e a caminho da Mina de São Domingos, em plena exploração, importante centro populacional e onde naturalmente tinha grande aceitação. Foi assim que por Alcoutim teriam passado, a caminho daquela mina, alguns dos maiores paladinos republicanos, dos quais se destaca o Dr. Afonso Costa.
A mais vincada presença deste facto é a alcunha Afonso Costa que ficou de tal maneira que tantos anos passados se mantém, pensando muita gente que efectivamente se trata de um nome. Tão euforicamente, em criança, vitoriou este político que o nome lhe ficou para sempre, o que aliás, nunca o incomodou.
Vamos ter bacalhau a pataco, foi frase feita que também chegou à pequena vila raiana. Abaixo os talassas constituiu frase proferida pelos republicanos e os mais exaltados e menos conscientes espetavam facas nas portas dos mais notórios monárquicos, com relevo para a classe eclesiástica.
Depois destas referências transmitidas oralmente, iremos entrar, em factos concretos.
A primeira notícia escrita que obtivemos sobre o ideal republicano, é datada de 26 de Abril de 1881, por conseguinte cerca de trinta anos antes de 5 de Outubro de 1910.
O Administrador do Concelho, de então, fica alarmado com as notícias que lhe chegam e resume assim: constou-me que o prof. desta vila, António Simão Vieira, pronunciou ontem, no meio da feira (São Marcos do Pereiro), palavras insultuosas e ameaças a António Estevens, do Serro da Vinha, a pretexto deste pertencer ao Partido Regenerador e, dando vivas à República declarou ser chefe deste partido no concelho. (1)
Leia este tema completo a partir de 18/10/2010
O amigo José Varzeano ao trazer este tema da implantação da República vista por Alcoutim fez-me lembrar uma frase que eu ouvia frequentemente por esses lados todos nos meus tempos de juventude.
ResponderEliminarDizia-se, quando havia algum abuso, de uma forma disciplinadora e directa, que a anomalia comportamental merecia um remate que fica melhor explicado quando aplicado.
Eu chegar muito tarde a casa (no campo) merecia (pelo menos) uma reprimenda pelo facto de chegar tarde ou de não saberem de mim durante mais tempo que o normal, e o remate referido acima era dito desta forma: Não fazes isso mais nenhuma vez, etc.etc. e a reprimenda culminava com um «Então, isto é alguma república, ou quê»?.
Esta afirmação atormentou-me bastante porque me convenceu que o pessoal do Concelho(não eram só os meus familiares, é claro, era geral)de alguma forma identificava a república a uma anarquia, a uma falta de ordem, a algo que saía fora dos eixos da normalidade constituída e da normalidade...normal.
É claro que o dito terá vindo mais dos tempos em que os diversos partidos republicanos se digladiavam nas praças públicas do que propriamente da implantação da mesma República afastando-se qualquer saudosismo monárquico ao mesmo tempo que identifiquei alguma influência da propaganda franquista ali na vizinha Espanha, vencidos que foram os «republicanos» por Franco (que segundo rezava a convicção propagandística tinha colocado a «ordem» em Espanha).
Assim: desordem igual a república no pensar daquela sempre boa gente...