sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O ESCRITOR SANTOMENSE - Por Francisco Costa Alegre

O ESCRITOR SANTOMENSE - Por Francisco Costa Alegre

O acto de escrever rima com a obrigação profunda de ler. Ler não só como consumo do que foi ou é escrito, como também o dever de ler o ambiente envolvente, numa perspectiva identitária, reivindicativa, informativa/formativa e evolutiva. Todo aquele que escreve é um leitor nestas vertentes, ele é o primeiro a ler o que escreve, por vezes mesmo antes de utilizar os códigos semióticos. Mas o Escritor só é Escritor quando no seu exercício, ele completa as fases que vão de criação, produção, publicação e divulgação....

1- Introdução

O Escritor é uma personalidade artística e ou científica individualizada ou que se individualiza entre o fascínio da História e as demandas da realidade presente, porque ele é um ser sempre presente, pelo que ele/ela utiliza a língua como veículo transmissor de vontades e quereres, de identidade e de cidadania, de entretenimento e de aprendizagem, de construção e desenvolvimento.

Essas vontades e esses quereres entre a conotação e a denotação, constituem a base da construção escrita em forma de Literatura, de Ciência e de Jornalismo, num enquadramento real e conceitual. Essas premissas proporcionam a revelação específica ou distinta de cada povo, cultura ou sociedade de exprimir a sua forma de ser, numa palavra, de formular o pensamento. O escritor santomense se revê perante esse quadro universal identitário de interpretação e descrição, onde se destaca, a poesia, a prosa, a música, a dança, o teatro, a investigação e a crítica.

2- O caleidoscópio literário santomense

A vernacularidade remota e ingente de Francisco Garção Stockler (1834-1881) como a primeira e única referência literária de todos os tempos; o pan-africanismo especificamente mestiço de Francisco Tenreiro (1921-1963) suscitando a exclusiva revelação negritudista, socio-científica santomense remota; o lirismo nostálgico e versátil de Caetano Costa Alegre (1864-1890), o que se lhe seguiu o esquecido Herculano Pimentel Levy (1889-1969) com quase mesmo timbre clássico; o nacionalismo humanista e iluminista de Alda Graça Espírito Santo (1926-2010) como a maior voz feminina empolgante no Hino Nacional e não só; a santomensidade regional e nacional de Marcelo da Veiga (1892-1976), uma insígnia identitária para com as gentes da sua ilha do Príncipe onde Maria Manuela Margarido (1925-2008) também se exalta; o jornalismo panfletista e em crioulo Forro de Francisco de Jesus Bonfim, conhecido por Faxiku Bêbê Záwa, os pingos de chuva românticos de escritores luso-santomenses da era colonial destacados por Manuel Ferreira Marques (Sum Marky) e Fernando Reis; associado a criatividade presente na nova geração de escritores de pós independência; representam dentre outros, a herança literária de que a Literatura Santomense se constrói e se revê na sua estampa publicitária.

Tudo isso decorre numa latitude de revisitação constante onde o passado colonial e a vivência de pós independência se entrechocam, onde a exigência pelo rigor e pela qualidade se gladeiam, lugar onde a lassidão e a ruptura com o clássico se negam, espaço ainda onde a relação entre a oralidade como tradição e a escrita ambos factores de comunicação, convivem numa determinação de aperfeiçoamento, de desenvolvimento e de crescimento cultural, em que o fiel da balança de tudo em quanto constitui o mito e a realidade. Uma realidade que é a mesma mas, nunca foi e nem será a sempre a mesma porque senão, não seria realidade e o mito não teria lugar como matéria real.

Leia este tema completo a partir de 18/10/2010

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