sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Abrâ - Minha Freguesia - A festa de S. Silvestre e alguns dados históricos - Por Arlete Piedade

Abrâ - Minha Freguesia - A festa de S. Silvestre e alguns dados históricos - Por Arlete Piedade

Abrâ é a sede da freguesia onde pertence o pequeno lugar onde nasci, no concelho e distrito de Santarém (Portugal), chamado Canal, que dista da mesma, cerca de 3 Kms.
Na nossa pequena aldeia, na altura da minha infância, apenas existiam duas lojas, onde se podiam comprar os alimentos mais básicos de mercearia, bem como panos a metro e linhas e ainda o bacalhau. Havia também um talho e duas tabernas onde os homens se reuniam para beber e jogar os jogos tradicionais. Hoje em dia, já tudo isso fechou e para fazer compras, as pessoas que restam, têm que se deslocar ás aldeias vizinhas.

No entanto, as crianças para irem á escola, tinham que percorrer a pé, pelos campos e matos, a distância que separava as duas aldeias, diariamente. Era também na sede da freguesia que havia e continua a existir, o cemitério para onde se dirigiam os funerais dos falecidos da aldeia, o que era sempre um (triste) acontecimento.

O outro acontecimento que marcava a pacatez da pequena aldeia, era a festa anual em honra do padroeiro S. Silvestre, a quem é dedicada a pequena capela, que remonta a alguns séculos. Não se sabe quantos exactamente, mas no início do século XIX, já a mesma existia, pois há uma história que conta como os cavaleiros franceses, quando das invasões francesas, queriam usá-la como cavalariça, para os seus cavalos, que no entanto sempre se recusavam a entrar, ajoelhando á porta, devido ao facto de ser o S. Silvestre o padroeiro e protector dos animais.

Era uso e tradição, ainda na minha infância e juventude, os donos de rebanhos de animais, virem com eles dar a volta á capela, e em seguida pagarem as suas promessas, em dinheiro, géneros ou figuras de cera, durante as festas dedicadas ao S. Silvestre, que duravam do dia 31 de Dezembro ao dia 3 de Janeiro. Actualmente já não têm lugar, devido ao reduzido número de habitantes.

Imagem de S. Silvestre

«Natural de Roma, São Silvestre foi papa e governou a Igreja de 314 a 355 d.c., ano em que morreu, exactamente no dia 31 de dezembro. A Igreja Católica escolheu esta data para canonizá-lo.

Em seu pontificado, São Silvestre estabeleceu novas bases doutrinais e disciplinares colocando a Igreja em um novo contexto social e político. Ocorreu o entrosamento entre o clero e o Estado. Com o edito de Milão, o cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano, na época governado por Constantino Magno. Com essa aliança, os cristãos puderam professar abertamente sua crença e a Igreja saiu de um período de perseguição que já se arrastava por 300 anos.

Uma das grandes realizações do papa Silvestre foi o concílio ecuménico de Nicéia, em 325, que definiu a divindade de Cristo. O curioso é que a assembleia foi convocado pelo próprio Constantino, o que mostra sua influência nos assuntos eclesiásticos. Foram elaborados ainda os de Arles e Ancira. São Silvestre foi um dos primeiros santos não - mártires cultuados pela Igreja. Ele é lembrado por promover a renovação do espírito e como protector dos seguidores mais fiéis de Cristo.

Os feitos do santo do último dia do ano em defesa da fé não param por aí. Com a ajuda do imperador, São Silvestre construiu as basílicas de São Pedro sobre o túmulo do apóstolo, a Lateranense - que se tornou a residência dos papas - e a de São Paulo.»

Esta foi uma pequena história da vida de S. Silvestre, recolhida na Internet, no entanto mais que ser conhecido actualmente por dar o nome a famosas corridas que têm lugar em várias partes do mundo, no último dia do ano, para os habitantes da minha aldeia e das aldeias vizinhas, era venerado como o padroeiro e protector dos animais.

A seguir transcrevo alguns dados históricos sobre as origens da freguesia e das povoações vizinhas, não deixando de referir que o apelido Louro, é também meu, e era do meu pai e avó, pelo que o sangue das primeiras famílias habitantes destas povoações, continua a correr-me nas veias e de minha família, bem como de outras, que têm o mesmo apelido, entre as quais um bem sucedido empresário de Santarém.

Leia este tema completo a partir de 10/1/2011

1 comentário:

  1. Cara Arlete, que fada és:li e reli todo o artigo histórico que escrevestes sobre a região onde nascestes. Mais que um artigo, este texto tem do dom de nos ensinar a respeitar a memória, ao mesmo tempo que nos cativa e nos torna sedentos de mais e mais histórias verídicas. Parabenizo-a pelo texto e pela inciativa em fazê-lo, pois como sabes, valorizo sobremaneira a história que nos conta um passado distante, o que nos faz imaginar que no futuro mais pessoas se interessarão em conhecer suas histórias e de seu povo. Brasileiros e portugueses tem tanto em comum, que me confunde! Parabéns pelo texto e aula de patriotismo.

    ACAS

    ResponderEliminar