Memórias da Ilha - Crónicas * : LOANDA - Por Manuel Fragata de Morais
Ante Scriptum:
Com as parangonas que ocasionalmente o tal de acordo ortográfico (para mim teria sido muito melhor se fosso hortográfico) produz mundo fora, veio-me à mente uma discussão antiga de que como se deveria escrever Luanda, de seu nome completo São Paulo de Assumpção de Luanda, hoje com quatrocentos e tal aninhos. Aqui segue o que então escrevi sobre o assunto.
Ante Scriptum:
Com as parangonas que ocasionalmente o tal de acordo ortográfico (para mim teria sido muito melhor se fosso hortográfico) produz mundo fora, veio-me à mente uma discussão antiga de que como se deveria escrever Luanda, de seu nome completo São Paulo de Assumpção de Luanda, hoje com quatrocentos e tal aninhos. Aqui segue o que então escrevi sobre o assunto.
Há dias, um velho amigo mostrou-me um boletim antigo, propriedade da Liga Nacional Africana, o «ANGOLA» nº80/82, de Junho/Agosto de 1943. Ao lê-lo, um artigo reteve a minha atenção, um pouco pela sua actualidade.
Nele, era-nos dado a conhecer que, no semanário «O APOSTOLADO», o emérito homem do saber que foi Lourenço Mendes da Conceição, demonstrava por a+b porque se escrevia Luanda com «u».
Cinquenta e dois anos mais tarde, andamos nós ainda e igualmente com a preocupação de escrever, ou não, Cacuaco-Kakuaku, Luena-Lwena, Caxito-Kaxitu, Negaje-Ngaji, Angola-Ngola, e tudo isto com um alfabeto romano que inclui o «k» anglo-saxónico, o «y» grego, etc.
Informa-nos o «ANGOLA» que, em Outubro de 1942, tinha sido posto à venda um opúsculo intitulado «O Vocábulo Loamda», do senhor Júlio de Castro Lopo, que investia contra a adopção do termo «Luanda», baseando seus argumentos, entre outros factos, no de não haver, a prior, uma disposição legal contrária, ou seja, o «Diário do Governo» continuava a utilizar a grafia «Loanda», grafia essa que, igualmente, representava uma tradição de quase quatro séculos.
Não fossem os argumentos da lei e da tradição determinantes, o senhor Júlio Castro Lopo, segundo o «ANGOLA», avançava ainda com a necessidade de se manter a pureza da língua, e não aquimbundar um termo que sempre se escreveu «à boa maneira portuguesa».
Caso não se estivesse ainda vencido ou convencido, o bom Júlio Castro Lopo arrasava-nos com a argúcia que, sendo o Kimbundu uma língua inculta, não havia um caso de linguística a resolver pela etimologia da palavra, ipso facto.
Esta tese foi avançada, não obstante o jornal «A PROVINCIA DE ANGOLA» de 8 de Janeiro de 1927, ter inserido um artigo, considerado célebre à altura, do padre Ruela Pombo, no qual esse investigador deixava claro e de maneira irrefutável, que era erro utilizar a grafia «Loanda», dado a palavra ser kimbundu e não portuguesa.
Leia este tema completo a partir de 10/1/2011
Nele, era-nos dado a conhecer que, no semanário «O APOSTOLADO», o emérito homem do saber que foi Lourenço Mendes da Conceição, demonstrava por a+b porque se escrevia Luanda com «u».
Cinquenta e dois anos mais tarde, andamos nós ainda e igualmente com a preocupação de escrever, ou não, Cacuaco-Kakuaku, Luena-Lwena, Caxito-Kaxitu, Negaje-Ngaji, Angola-Ngola, e tudo isto com um alfabeto romano que inclui o «k» anglo-saxónico, o «y» grego, etc.
Informa-nos o «ANGOLA» que, em Outubro de 1942, tinha sido posto à venda um opúsculo intitulado «O Vocábulo Loamda», do senhor Júlio de Castro Lopo, que investia contra a adopção do termo «Luanda», baseando seus argumentos, entre outros factos, no de não haver, a prior, uma disposição legal contrária, ou seja, o «Diário do Governo» continuava a utilizar a grafia «Loanda», grafia essa que, igualmente, representava uma tradição de quase quatro séculos.
Não fossem os argumentos da lei e da tradição determinantes, o senhor Júlio Castro Lopo, segundo o «ANGOLA», avançava ainda com a necessidade de se manter a pureza da língua, e não aquimbundar um termo que sempre se escreveu «à boa maneira portuguesa».
Caso não se estivesse ainda vencido ou convencido, o bom Júlio Castro Lopo arrasava-nos com a argúcia que, sendo o Kimbundu uma língua inculta, não havia um caso de linguística a resolver pela etimologia da palavra, ipso facto.
Esta tese foi avançada, não obstante o jornal «A PROVINCIA DE ANGOLA» de 8 de Janeiro de 1927, ter inserido um artigo, considerado célebre à altura, do padre Ruela Pombo, no qual esse investigador deixava claro e de maneira irrefutável, que era erro utilizar a grafia «Loanda», dado a palavra ser kimbundu e não portuguesa.
Leia este tema completo a partir de 10/1/2011
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