segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Página de Arlete Deretti Fernandes - Um poema: Coração inquieto. Um conto: Estranhos ruídos no casarão.

Página de Arlete Deretti Fernandes - Um poema: Coração inquieto. Um conto: Estranhos ruídos no casarão.

Coração inquieto.

Dentro do meu peito aberto
pulsa um coração inquieto.
Que não sossega,
é como um pássaro saltitante.
Vai ao infinito e volta,
salta, pula, brilha e alucina.
Sem por os pés no chão,
alça seus vôos pelas veigas,
Pelos trigais maduros,
campos de girassóis e campina.

Se queres ficar comigo,
Atiro-me em teus braços.
E beijo-te, choro e rio,
chego ao delírio de amor.

Estranhos ruídos no casarão.

O relógio marca três horas da manhã. No silêncio da madrugada, ouve-se o silvo de algum animal noturno lá fora.

Enquanto o marido dorme tranqüilo no quarto do casal, a esposa, sentada numa poltrona da sala de visitas tece o seu tricô. As primorosas encomendas precisam ser entregues no dia seguinte.

Ela tem dedos hábeis e ligeiros e não pode contar com o que o marido, homem sem iniciativas, traz para o orçamento doméstico.

A casa onde residem é ampla, de grossas taboas de madeira, situada em uma rua com poucos vizinhos. No lado oposto localiza-se a igreja e o cemitério luterano da Cidade.

Na Páscoa os túmulos enfeitam-se de um colorido todo especial com os chocolates e presentes que as famílias que ali tem parentes sepultados, oferecem aos que se foram.

Mas, nesta noite a Páscoa já se foi há tempo. E é outra a história.

Enquanto as mãos da tricoteira tecem os fios num belo trabalho, seus pensamentos voam distantes. Ela tem muitas coisas a contar, sua vida daria um livro interessante, por todas as situações que já passara.

Leia este tema completo a partir de 4/1/2011

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