sábado, 22 de janeiro de 2011

ALCOUTIM - Recordações II - Por Daniel Teixeira 

ALCOUTIM - Recordações II - Por Daniel Teixeira

Pedindo de novo as minhas desculpas ao amigo José Varzeano por estar a retirar-lhe a integralidade da página / tema (os seus trabalhos espevitam-me a memória) gostaria de recordar aqui algumas das minhas memórias recolhidas sobre este tema dos médicos de alguma forma considerados milagreiros que se encontram normalmente referidos em memórias de sítios ou locais mais pequenos e predominantemente referidos como médicos dos pobres.

O Dr. João Dias, referido pelo José Varzeano será um caso à parte e como tal será referido e lembro-me concretamente que a primeira memória que tenho de ouvir falar dele através da minha falecida mãe - «especialista» em memórias e de grande memória até ao final da sua vida - foi a já por mim referida ao José Varzeano no seguimento de um artigo de um colaborador do Blogue Alcoutim Livre - salvo erro o Amílcar Felício - história da mudança de sexo de um homem que tinha nascido com uma deficiência nos órgãos genitais e que fora considerado mulher seguindo um costume médico na altura e dados os conhecimentos e meios imperfeitos que havia nesses tempos: «Em caso de dúvida, fá-la mulher» ao que me consta ensinava-se entre colegas médicos (agora obstetras) na altura.


Encontrei vestígios desse tipo de comportamento na forma não médica quando do estudo de alguns livros de antropologia através da referência em tribos indígenas tanto em Africa como na América e mesmo na Oceânia tudo levando a crer que tal comportamento tomado de forma natural tenha tido lugar em todas as partes do globo. Não havia problemas em termos sociais evidentes durante o período da infância mas em despertando a puberdade o caso acabava por tornar-se complicado mesmo nessas sociedades primitivas.


Estas pessoas normalmente eram colocadas numa casta social específica acabando por tornar-se pessoas com direitos desiguais e normalmente relegadas para a exclusividade dos trabalhos domésticos ou auxiliares, cuidar de crianças, etc. não participando de forma activa na hierarquia normal da sociedade ou tribo, dependendo sempre em termos sociais e económicos dos progenitores (ou a quem fossem vendidos/vendidas).


Breve, não eram nem uma coisa nem outra (homem ou mulher) o que visto segundo a linearidade lógica espontânea das sociedades primitivas teria a sua razão de ser: eram elementos desestabilizadores em estruturas delineadas secularmente: não li no entanto nada que me levasse a pensar que houvesse ou tivesse havido eliminação física dessas pessoas. (Radcliff-Brown e Daryl Forde, Engels, Espinas, Morgan, Bachofen, R. Fortune, etc.).

Ora e em relação a esta «operação - cirurgia» do Dr. João Dias foi-me relatado pela minha melhor fonte neste plano (minha mãe) que a pessoa um causa (uma mulher com pelo menos aparente genitália «feminina» mas hormonas masculinas ) era reparada pelo facto de acompanhar muito com os homens e de dar preferência à companhia destes em vez de se integrar no meio que lhe era considerado - artificialmente mas oficialmente - natural, o meio feminino. Este reparo serve apenas para fazer notar o «distúrbio» social que o seu comportamento mais livremente efectuado levantava milhares de anos depois das tribos primitivas e do que se falava sobre o assunto embora tivesse o contra de ser um meio relativamente pequeno.

Leia este tema completo a partir de 24/1/2011

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