sábado, 29 de janeiro de 2011

Poesia Africana - Por Wilson Torres - «Não venhas mais ao cais, Menina Negra» - Geraldo Bessa Victor ; Agostinho Neto - Contratados; Virgílio Pires -

Poesia Africana - Por Wilson Torres - «Não venhas mais ao cais, Menina Negra» - Geraldo Bessa Victor ; Agostinho Neto - Contratados; Virgílio Pires - Mané Fú

«Não venhas mais ao cais, Menina Negra» - Geraldo Bessa Victor

Não venhas mais ao cais, menina negra.
Que esperas tu ainda?
Já sabes a tua sina:
o branco que partiu não volta mais!

E tu, olhando o cais,
menina negra linda,
vês o teu lindo sonho que já finda...

Agostinho Neto - Contratados

Contratados

Longa fila de carregadores
domina a estrada
com os passos rápidos

Sobre o dorso
levam pesadas cargas

Vão
olhares longínquos
corações medrosos
braços fortes
sorrisos profundos como águas profundas

Largos meses os separam dos seus
e vão cheios de saudades
e de receio
mas cantam

Fatigados
esgotados de trabalhos
mas cantam

Cheios de injustiças
calados no imo das suas almas
e cantam


Virgílio Pires - Mané Fú

Mané Fú

Louco que povoou a minha infância
Que contava histórias maravilhosas
Histórias de Branca Flor
De bruxas e de princesas

Mané Fú Mané de Deus
Que tinha o corpo todo preto
Mas as palmas das mãos brancas
Porque as sextas-feiras subia aos céus
E ia banhar os anjos

Mané Fú Mané de Deus
Outras histórias me empolgam hoje
Histórias de crianças famintas
(Lembro-me do filho da Violante
Que comia a cal das paredes)
Histórias de velhos abandonados
(Como aquele que morreu a chorar
No Pavilhão de Alienados
E não era doido)
Histórias de prostitutas
(Ah! humilhadas amigas)
Histórias tristes nunca divulgadas

Leia este tema completo a partir de 31/1/2011

Sem comentários:

Enviar um comentário