CORONEL FABRICIANO - 42 - Médico Presidente? - BENEDITO FRANCO
Nas eleições de 2004, impressionante a quantidade de médicos candidatos - candidatos a tudo. Pelo visto, perto da metade dos médicos da região almejava um cargo público. Nas próximas, também há muitos médicos...
Médico teria missão mais nobre, como a prevenção de doenças, o bem-estar físico, mental, psicológico e social do indivíduo, e a caridade - enfim, aliviar o sofrimento humano e manter o seu bem-estar global.
Na América Central, um monte de países paupérrimos, principalmente as «Republiquetas das Bananas», cujas produções são quase exclusivas de bananas e mesmo assim em mãos de multinacionais. Pela proximidade, fáceis de serem explorados e espoliados pelo primo rico ao lado ou sem esforço para os espertinhos, e em particular os políticos, saírem com as riquezas desses países.
No Brasil, nossos políticos vivem inconstitucionalíssimamente ou antinconstitucionalissimamente muito bem, sem serem incomodados e reeleitos a cada eleição com promessas cretinas, sarcásticas e vãs... Pobre de nós povo brasileiro...
Em uma das republiquetas, das mais pobres e exploradas, havia um médico, tipo o de cidade do interior, médico de família; o povo confiava e se valia dele para todos e quaisquer incômodos ou doenças. Hoje, temos um ou mais médicos para cada doença - há uma coleção de médicos: o cardiologista, o urologista, o gastroenterologista, o dermatologista, o ortopedista, o oftalmotorrinolaringologista, o ginecologista e o obstetra - e outros mais e mais com nomes e sobrenomes complicados.
Há recursos litotrípticos, ultrassonografia; há doenças como a anorexia e há sintomas como o pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico - a maior palavra de nosso idioma - e por ser uma região de vulcões, uma doença existente por lá - o estado de uma pessoa acometida de uma doença rara, provocada pela aspiração de cinza vulcânica. Temos que saber grego para podermos tentar pronunciar, aprender ou gravar esses nomes gigantescos, escalafobéticos, estrambóticos, estonteantes e desconhecidos.
Médico querido e admirado na pequena cidade, foi granjeando merecida fama nas vizinhas e, em pouco tempo, país pequeno e de poucos médicos, em toda a nação. Não é que fosse um grande médico, um grande especialista - apenas um pequeno grande homem de bondade imensa e, lógico, de certa capacidade.
No país das bananas haveria eleição. Como os «melhores» políticos debandavam-se para o paraíso vizinho, poucos se candidataram e todos de duvidosas capacidades administrativa e política - se é que havia algum com algum talento, mesmo entre os que se dispersaram.
Os partidos reunidos vislumbraram uma luz no fim do túnel: o médico querido e amado por todos seria o candidato ideal. Teria probabilidade maior de ganhar as eleições - conditio sine qua non entre políticos.
Convidaram-no.
Difícil convencê-lo de tamanhas empreitada e responsabilidade, e quando o fizeram, quis ele argumentar:
Leia este tema completo a partir de 10/1/2011
Nas eleições de 2004, impressionante a quantidade de médicos candidatos - candidatos a tudo. Pelo visto, perto da metade dos médicos da região almejava um cargo público. Nas próximas, também há muitos médicos...
Médico teria missão mais nobre, como a prevenção de doenças, o bem-estar físico, mental, psicológico e social do indivíduo, e a caridade - enfim, aliviar o sofrimento humano e manter o seu bem-estar global.
Na América Central, um monte de países paupérrimos, principalmente as «Republiquetas das Bananas», cujas produções são quase exclusivas de bananas e mesmo assim em mãos de multinacionais. Pela proximidade, fáceis de serem explorados e espoliados pelo primo rico ao lado ou sem esforço para os espertinhos, e em particular os políticos, saírem com as riquezas desses países.
No Brasil, nossos políticos vivem inconstitucionalíssimamente ou antinconstitucionalissimamente muito bem, sem serem incomodados e reeleitos a cada eleição com promessas cretinas, sarcásticas e vãs... Pobre de nós povo brasileiro...
Em uma das republiquetas, das mais pobres e exploradas, havia um médico, tipo o de cidade do interior, médico de família; o povo confiava e se valia dele para todos e quaisquer incômodos ou doenças. Hoje, temos um ou mais médicos para cada doença - há uma coleção de médicos: o cardiologista, o urologista, o gastroenterologista, o dermatologista, o ortopedista, o oftalmotorrinolaringologista, o ginecologista e o obstetra - e outros mais e mais com nomes e sobrenomes complicados.
Há recursos litotrípticos, ultrassonografia; há doenças como a anorexia e há sintomas como o pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico - a maior palavra de nosso idioma - e por ser uma região de vulcões, uma doença existente por lá - o estado de uma pessoa acometida de uma doença rara, provocada pela aspiração de cinza vulcânica. Temos que saber grego para podermos tentar pronunciar, aprender ou gravar esses nomes gigantescos, escalafobéticos, estrambóticos, estonteantes e desconhecidos.
Médico querido e admirado na pequena cidade, foi granjeando merecida fama nas vizinhas e, em pouco tempo, país pequeno e de poucos médicos, em toda a nação. Não é que fosse um grande médico, um grande especialista - apenas um pequeno grande homem de bondade imensa e, lógico, de certa capacidade.
No país das bananas haveria eleição. Como os «melhores» políticos debandavam-se para o paraíso vizinho, poucos se candidataram e todos de duvidosas capacidades administrativa e política - se é que havia algum com algum talento, mesmo entre os que se dispersaram.
Os partidos reunidos vislumbraram uma luz no fim do túnel: o médico querido e amado por todos seria o candidato ideal. Teria probabilidade maior de ganhar as eleições - conditio sine qua non entre políticos.
Convidaram-no.
Difícil convencê-lo de tamanhas empreitada e responsabilidade, e quando o fizeram, quis ele argumentar:
Leia este tema completo a partir de 10/1/2011
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