segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Plutão e Caronte - Reflexão de Michel Crayon

Plutão e Caronte - Reflexão de Michel Crayon

Vendo a parte mitológica, bem menos fria e talvez mais complicada do que a parte astronómico científica, Plutão e Caronte fazem uma dupla interessante.
Comecemos por Plutão (Hades) que por acaso era irmão de Júpiter (Zeus), filho de Saturno (Cronos) e de Cibele (Réia) e que, tal como Júpiter participou nessa luta terrível que levou ao final da era Titã e nos fez finalmente entrar na agora mais feliz era dos Deuses Olímpicos.
Pois bem: Plutão ficou encarregado, gerente, administrador e praticamente proprietário de todos os terrenos do Inferno, coisa que ele geria a seu belo prazer, sem grandes preocupações com os deficits uma vez que naquele tempo o pessoal morria como moscas.

Tinha os seus auxiliares (colaboradores) dos quais é sempre bom referir as Fúrias ou Erínias, as pouco estéticas Harpias - a última imagem que vi delas eram assim como um pterodactilo - a Morte (Tánatos) conhecida de todo o bom poeta deprimente e menos deprimente e o Sono (Hipnos) que não compreendo muito bem o que fazia no Inferno senão sob a forma de sono pesadelento e ainda as Górgonas que salvo erro são Hidras, com várias cabeças de substituição rápida.

Haviam ainda as Parcas mas este tema arrisca uma longitude que não justifica estar a explicar agora quem elas eram.

Pois bem, Plutão/Hades era para além disso Presidente do Tribunal lá do sítio, que tinha por função julgar os mortos. Não que eles se importassem muito com as penas aplicadas uma vez que já estavam mortos, mas enfim...para este efeito era coadjuvado em Tribunal Colectivo (no qual tinha voto de qualidade) por Minos (o tal do Minotauro), Eaco e Radamanto, este último de nítida ascendência indo-europeia.

Plutão era homem, um pouco ou muito eticamente formado dependendo das perspectivas e casou-se com Proserpina por artes que explicarei e que acabarão por nos colocar perante o nosso primeiro grande dilema:

Justificará o amor todas as acções?
Até onde se pode ir por amor?
Onde se demarca a confusão entre «os fins justificarem os meios» e inversamente «os meios justificarem os fins»?

Pois bem, retomando o tema fulcral desta dissertação (l'amour!) ainda que tenhamos de enveredar por algumas partes menos relacionadas com o tema, a Proserpina (bem poderia ter arranjado um nome mais a jeito) era filha de Ceres (Deméter) e Júpiter (o Zeus já aqui referido) e logo sobrinha (quanto mais sobrinha mais se lhe arrima era o ditado da época) do seu marido Hades/Plutão, que se apaixonou por ela, coisa absolutamente normal pois parece que a moça era mesmo gira, mas acabou por raptá-la para fazer com que ela casasse com ele.

Tendo em conta a desproporção das forças e a desproporção da beleza, ao que consta Hades era feio como bode (alô Brasil!) poderemos desde logo criar o nosso juízo sobre esta delicada situação.

Justifica o amor de Hades tal acto?
E será que Hades, apesar de tudo era correspondido amorosamente por Proserpina uma vez que há gostos para tudo?

A resposta, para aqueles que gostariam de ver aqui a versão original da Bela e o Monstro terá no entanto de ser negativa. Proserpina amava a vida e sentia-se mal na companhia do marido e dos mortos. As hipóteses de alguma aventura extra-conjugal anti - stressante ficava posta de lado porque os mortos estavam mesmo mortos e para além disso o reino (dos mortos) era escuro e frio como devem ser todos os reinos dos mortos, penso eu, nunca estive em nenhum.

Leia este tema completo a partir de 4/1/2011

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