Traduções de Poemas por Fernando Pessoa - Por Clara Tinoco
Edgar Allan Poe - O Corvo - Tradução - FERNANDO PESSOA
(1888-1935)
EDGAR ALLAN POE - THE RAVEN - (1809-1849)
O CORVO
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
E só isso e nada mais.»
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«E uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
E só isso e nada mais».
EDGAR ALLAN POE - THE RAVEN - (1809-1849)
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As some one gently rapping at my chamber door.
«Tis some visitor,» I muttered, «tapping at my chamber door—
Only this, and nothing more.»
Ah, distinctly I remember it was in the Bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; —vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow—sorrow for the lost Lenore—
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore—
Nameless here for evermore
And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me—filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating,
«Tis some visitor entreating entrance at my chamber door—
Some later visitor entreating entrance at my chamber door;—
This it is, and nothing more.»
Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
«Sir», said I, «or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you»,—here I opened wide the door;—
Darkness there, and nothing more.
Leia este tema completo a partir de 4/1/2011
Edgar Allan Poe - O Corvo - Tradução - FERNANDO PESSOA
(1888-1935)
EDGAR ALLAN POE - THE RAVEN - (1809-1849)
O CORVO
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
E só isso e nada mais.»
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«E uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
E só isso e nada mais».
EDGAR ALLAN POE - THE RAVEN - (1809-1849)
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As some one gently rapping at my chamber door.
«Tis some visitor,» I muttered, «tapping at my chamber door—
Only this, and nothing more.»
Ah, distinctly I remember it was in the Bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; —vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow—sorrow for the lost Lenore—
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore—
Nameless here for evermore
And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me—filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating,
«Tis some visitor entreating entrance at my chamber door—
Some later visitor entreating entrance at my chamber door;—
This it is, and nothing more.»
Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
«Sir», said I, «or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you»,—here I opened wide the door;—
Darkness there, and nothing more.
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